quinta-feira, 26 de março de 2009

Digestão intracelular

A digestão pode ocorrer no interior das células, em vacúolos digestivos, designando-se por digestão intracelular. Neste processo intervêm vários sistemas membranares da célula, como o retículo endoplasmático, o complexo de Golgi e os lisossomas, organelos presentes no citoplasma de células eucarióticas. As proteínas sintetizadas nos ribossomas do retículo são transportadas até aos dictiossomas do complexo de Golgi de duas formas: deslocam-se através dos canais do retículo endoplasmático até ao complexo de Golgi ou são armazenadas em vesículas que se destacam do retículo. As vesículas provenientes do retículo endoplasmático fundem-se e originam os dictiossomas. No interior dos séculos dos dictiossomas as proteínas sofrem maturação, o que as torna funcionais, acabando por ser transferidas para vesículas que se separam do dictiossoma. Algumas destas vesículas fundem-se com a membrana celular, lançando o seu conteúdo para o meio extracelular por exocitose (hormonas, enzimas digestivas). Outras, que permanecem no citoplasma, contendo no seu interior enzimas digestivas, designam-se por lisossomas.

A digestão intracelular ocorre no interior de vacúolos digestivos, que resultam da fusão dos lisossomas com vesículas endocíticas ou com vesículas originadas no interior do citoplasma. Por acção das enzimas digestivas, as moléculas complexas existentes no interior dos vacúolos digestivos são desdobradas em moléculas mais simples, que podem transpor a sua membrana para o citoplasma por diferentes processos de transporte. Os resíduos resultantes da digestão são eliminados para o meio extracelular por exocitose.

No entanto, existem alguns animais que fogem a esta regra, os parasitas, que efectuam uma absorção do material já foi digerido. O processo digestivo normal é constituído por uma ingestão, um transporte e armazenamento, uma digestão, uma absorção e finalmente por uma egestão.

O local onde estas etapas decorrem depende do animal em causa, pois, por exemplo, uns não possuem qualquer cavidade digestiva, outros possuem uma cavidade simultaneamente, digestiva e vascular e os mais evoluídos possuem cavidades digestivas especializadas.

O sistema digestivo, dos animais que o possuem, é constituído por diferentes zonas onde estas funções possam decorrer, pelo que apresenta uma região receptora, uma região de transporte e de armazenamento, uma região de digestão e absorção e uma região de absorção de água e de concentração de resíduos.

Da mesma forma que os animais diferem uns dos outros, também as suas necessidades nutritivas são diferentes, pelo que diferentes são os seus sistemas digestivos. Os principais passos evolutivos dos sistemas digestivos e as suas vantagens são: A digestão deixa de ser intracelular, passando a ser extracelular.

Este facto implica a existência de uma cavidade digestiva, pelo que o animal pode ingerir uma maior quantidade de alimento de cada vez, obtendo uma maior quantidade de nutrientes, que lhe permitem alcançar uma taxa metabólica mais elevada, Além disso, não necessita de estar continuamente a ingerir alimentos, pois estes ficam em reserva durante algum tempo.

Surge uma cavidade digestiva e com ela uma boca (sistema digestivo incompleto, já que só possui uma abertura), permitindo um maior e melhor aproveitamento dos nutrientes.

Surge o sistema digestivo completo, isto é, possui pelo menos três órgãos; boca que permite a ingestão, intestino, que permite a digestão e a absorção, e ânus, que permite a egestão, possuindo deste modo duas aberturas. Surge assim a sequenciação e a simultaneidade das fases digestivas, pois a partir deste momento existe apenas uma direcção de funcionamento. O animal pode simultaneamente estar a ingerir alimentos, a digeri-los, a absorvê-los e até a eliminá-los, já que estes seguem apenas uma direcção. A digestão pode ocorrer em mais do que um órgão (estômago e intestino), o que aumenta a sua rapidez, logo a quantidade de nutrientes absorvidos. A absorção também é mais eficiente, pois realiza-se ao longo de uma maior superfície.

Aumento da área interna no intestino. O tiflosole nos Anelídeos e as vilosidade intestinais nos Mamíferos aumentaram a área interna do intestino delgado, logo a sua taxa de absorção, e, por isso, o seu metabolismo.

Aumenta o número e a diversidade de glândulas digestivas, elevando a quantidade e a variedade das enzimas digestivas.

A quantidade e variabilidade enzimática aumenta, o que permite uma digestão mais eficaz e um melhor aproveitamento dos nutrientes. Surgem órgãos ou estruturas cada vez mais adaptados ao tipo de alimento. As Aves possuem bico e não possuem dentes, pelo que, as granívoras, vão possuir papo e moela, com a finalidade de amolecerem os grãos que comem e de os digerir.




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