quinta-feira, 26 de março de 2009

Digestão extracelular

Na maioria dos seres heterotróficos pluricelulares, a digestão extracelular ocorre fora das células, no exterior do organismo (fungos) ou no interior do corpo do organismo, em cavidades ou órgãos especializados (animais).

O facto de a digestão ocorrer no exterior das células, em cavidades digestivas, permite aos animais a ingestão de uma maior quantidade de alimento e uma digestão gradual realizada por acção de enzimas presentes em sucos digestivos lançados na cavidade digestiva. As enzimas, ao actuarem sobre os alimentos, transformam-nos em substâncias mais simples capazes de serem absorvidas.

A presença de um sistema digestivo permite, assim, um melhor aproveitamento dos alimentos e uma maior independência do organismo relativamente ao alimento, pois não necessita de estar continuamente a captar alimento. Nos sistemas digestivos dos animais observa-se a existência de um tubo, tubo digestivo, que pode ser uma simples cavidade ou mais complexo, constituído por diferentes órgãos especializados.

A evolução dos sistemas digestivos permitiu um aproveitamento cada vez mais eficaz dos alimentos imprescindíveis à vida, à medida que a sua complexidade aumentou.

O tubo digestivo de alguns seres vivos, como a hidra e a planaria, apresenta uma única abertura, que estabelece a comunicação entre o exterior e a cavidade digestiva, designada cavidade gastrovascular. Esta abertura, apesar de ser designada por boca, tem a função de boca e de ânus, permitindo, ao mesmo tempo, a entrada dos alimentos e a saída de resíduos alimentares não aproveitados - tubo digestivo incompleto.




Hidra com u tubo digestivo incompleto






O ser humano têm o tubo digestivo completo











Os animais dos Filos dos Cnidários e dos Platelmintes possuem um sistema digestivo incompleto, isto é, com uma só abertura, que funciona simultaneamente de boca e ânus, associada a uma cavidade gastrovascular. A cavidade gastrovascular, como o nome indica, funciona como órgão digestivo (gastro) e como órgão de distribuição (vascular), ocorrendo nela uma digestão extracelular dos alimentos e fazendo chegar o seu resultado às células. Estes animais não possuem sistema circulatório devido à existência desta cavidade que, associada à grande área destes animais quando comparada com o seu volume, lhes confere uma eficiente superfície de trocas. Também possuem uma digestão intracelular e uma digestão extracelular. Nos Cnidários, a digestão intracelular é mais importante que a digestão extracelular, no entanto, nos Platelmintes, a cavidade vascular muito ramificada permite a ocorrência de uma maior quantidade de digestão extracelular em relação à digestão intracelular. Nos Cnidários, o alimento entra através da boca, com a ajuda dos tentáculos, para a cavidade gastrovascular. As células glandulares da gastroderme exocitam enzimas digestivas para esta cavidade, ocorrendo uma digestão extracelular, sendo posteriormente fagocitado para as células digestivas da gastroderme o resultado desta digestão. Nestas células digestivas, ao nível dos vacúolos digestivos, realiza-se uma digestão intracelular, sendo seguidamente os micronutrientes difundidos para as células adjacentes. Nos Platelmintes o processo é semelhante, não contando estes animais com a ajuda dos tentáculos para ajudar a ingestão, mas antes com uma faringe que se projecta para fora da boca. Os produtos de excreção, nos dois filos, são exocitados para a cavidade gastrovascular e posteriormente para a água.

O tubo digestivo de alguns animais complexos, como a minhoca e o Homem, possui duas aberturas: a boca, por onde entram os alimentos, e o ânus, por onde são eliminados os resíduos alimentares - tubo digestivo completo.




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